sábado, 25 de abril de 2009

Das coisas que eu VOU sentir falta e o preço da teimosia

Minha teimosia veio junto com o meu código genético e vem sendo transmitida há várias gerações da família Teixeira Melo, juntamente com o sexto dedo da mão. É isso mesmo, na nossa família é assim: pra ser verdadeiramente um "orelha seca" tem que vir com o sexto dedo pra ser certificado (pros que dormiam na aula de Biologia, isso se chama polidactilia). O Vinícius não negou a raça.

Vamos pra onde eu queria chegar: uma das coisas que mais curti depois de desembarcar nessas terras foi ver montanhas pra todos os lados e, claro, a neve! Simplesmente uma coisa de louco, um desejo de criança realizado. Aí já viu, cearense na neve é um bicho matuto; não sabe se caí de boca, se rola no chão, se faz guerrinhas ou se inventa de fazer boneco de neve. Sem dúvidas achei outros itens pra minha lista das coisas que eu vou sentir falta: a montanha, a neve e esquiar.

Pois bem, a primeira vez qui vi neve na vida foi nos Piruneus em dez de 2004, quando vim passar 3 meses com o Xande na época do mestrado dele, e inventei de esquiar (olhe que a minha relação com o esporte é mais ou menos como o diabo foge da cruz).

Apesar de descobrir músculos que nem sabia que existiam no meu corpo, de ganhar vários roxos e de celebrar a noite de Ano Novo às 22 horas de tão morta que estava, adorei nosso primeiro dia de esqui; é uma sensação única! E no dia seguinte, lá estávamos nós mais uma vez. Só que dessa vez a gaiata aqui ganhou confiança no dia anterior e achou que já podia muita coisa, ou seja, me estrepei todinha, fiquei à la Ronaldinho no ano 2000: chorando e morrendo de dor no joelho. Daí pra frente foi tudo surreal: outras pessoas chamaram a equipe de socorro da estação, fui transportada numa maca naqueles carrinhos de neve direto pra ambulância e de lá pro hospital. Resumindo: tive uma entorse no joelho, passei um mês e meio andando de muletas e fiz umas quinze sessões de fisioterapia. Massa pra quem estava de férias!

Agora tô sentindo que fechei um ciclo. Depois que viemos morar aqui, não satisfeita com a boa desenvoltura da última vez, compramos nossos equipamentos de ski. As estações mais próximas ficam a 1h e meia de carro e a tentação é grande. Pois bem, perdi quase todo o medo e a cada inverno vamos pelos menos umas três vezes esquiar.

Nesse sábado era o encerramento do inverno na última estação ainda aberta e queríamos nos despedir e aproveitar da montanha pela última vez. Não deu outra, fechei com chave de ouro ao estilo MADEEEEEEEEIIIIRA!

As pistas são classificadas pelo nível de dificuldade em cores, da mais fácil para a mais punk: verde, azul, vermelha e preta. Nós já temos um nível bonzinho, não somos mais tão atrapalhados, mas ainda vez ou outra meio abestalhados, ou seja, não passamos vergonha; mas também estamos longe de humilhar.

Voltando ao episódio "madeira", pegamos uma pista vermelha foda que não conhecíamos, eu me desequilibrei, cai e rolei encarnando literalmente o efeito bola de neve durante segundos intermináveis. O Xande teve tempo de ver o episódio, tentar pegar um dos esquis que saiu do meu pé, se desequilibrar também, e continuar a descer de bunda pq tb não conseguia mais se levantar. E eu lá, rolando e pensando: mais que diabos, eu não vou mais parar não, é? Resultado: senti quando o mesmo bendito joelho de quatro anos atrás deu o velho "creco" conhecido e logo previ o que estava por vir. Mas sabe que eu ainda não consegui ficar realmente puta da vida? Mesmo sabendo que as sessões de fisoterapia me aguardam (é nessas horas que eu digo "viva a diversidade" pq ô profissãozinha infeliz), eu só lembro que vi neve pela última vez e ao menos pude descer algumas vezes antes de me quebrar todinha.

Como minha sogra costuma dizer: vale nada não, pra quê montanha se a gente tem as dunas do Cumbuco? Sandboard que nos aguarde!

Up date: Hoje fiz minha 1º sessão de fisioterapia e a coisa é menos grave do que a última vez, mas vou precisar de 3 semanas pra ficar 100% de novo. Ah, e tem nome: entorse do ligamento exterior. A cara do fisioterapeuta quando eu entrei no consultório dele foi impagável. Saí de lá com o conselho de mudar de esporte.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Encomenda

Encomenda é um bicho complicado, quase de sete cabeças que, aliás, faz e já fez muitas delas rolarem. A minha por exemplo, está em jogo nessa fase de "voltar para o Brasil". Se a coisa é pequena, pode-se comprá-la perto de casa, não muita cara e ainda se for pra uma pessoa próxima, do núcleo familiar ou amigo íntimo-íntimo, aí vai; caso contrário: "danou-se"! Ou como diria-se no meu Ceará: "lascou-se, meu fí!

Eu já levei muita encomenda: cremes, perfumes, relógios, roupas e um bocado de quinquilharia, mas agora não dá. Dessa vez é diferente: eu vou pro Brasil e não volto mais, ou seja, tudo que está aqui TEM que ir, simples assim. O que ficar vai ser vendido, pra doação ou vai pro lixo mesmo.

Depois que os nossos queridos amigos portugas (lê-se TAP airlines) resolveram diminuir a cota de quilos por pessoa eu me ferrei todinha. No lugar de ter direito a duas malas de 32kg por passageiro, agora são duas de 23 kg pra cada, isso pros vôos iniciados na Europa e com destino ao Brasil. Por enquanto, quem sai do Brasil ainda goza desta regalia, mas pode anotar aí: seus dias estão contados! Pois bem, se ainda não arranquei todos os fios de cabelo fora é porque a moita é grande, mas a calvice se aproxima junto com a data de arrumar s benditas bagagens. Claro que quero levar o máximo de coisas possíveis, estou mesmo pronta pra vestir o meu casaco mais tora e as minhas botas em pleno mês de julho simplesmente porque não há lugar pra eles na minha mala! Um must!

Assim sendo, eu não tenho a menor condição de levar encomenda dessa vez pra seu ninguém e já comecei a passar por chata. Um perfume é só um perfume e não me custa nada, eu tenho consciência, mas um pedinte de encomenda nunca é apenas um, NUNCA! Se vc aceitar de um, TEM que aceitar dos outros pra não gerar intriga. Assim dito, eu já mandei espalhar que dessa vez não tem pra ninguém. Um pouco de compreensão nessa hora, caro pedinte. Imagina aí fazer caber todos os seus pertences em duas malinhas de 23 kg? Sentiu o drama? Não dá, né?

Tem um post muito bom de um blog que o Xande sempre lê que tem tudo a ver com essa situação, morram de rir como eu: www.idelberavelar.com/archives/2009/03/a_encomenda.php


sábado, 18 de abril de 2009

Casamento também é um estado de espírito

Tô chegando a conclusão que casamento tb é um estado de espírito porque tem dias que é assim que me sinto. Eu fico toda eufórica, pensando em mil coisas não só pro dia "D", mas pra minha futura casa, meus filhotes, meu dia-a-dia e não tenho nenhum problema em me projetar no futuro. Ultimamente ando assim, imaginando coisas. E é tão bom!! Não sei se uma coisa puxa a outra, se o fato de estarmos organizando a cerimônia, festa e lua-de-mel me fazem imediatamente pensar no nosso futuro juntos ou vice-versa.

Esse momento não era pra ser vivido nem ontem, nem amanhã, mas hoje. É quando nos sentimos realmente preparados, nos sentimos completos. Não era pra ser em outubro de 2005 quando fizemos o casamento civil dois meses depois do noivado, era pra ser AGORA. O sentimento é outro, é mais maduro, é mais realista também.

Vida a dois não é fácil, nunca foi, são dois caráteres diferentes vivendo sob o mesmo teto, duas individualidades que se encaram todos os dias, sem exceções; que dividem momentos, contas, sonhos, opiniões e uma enxurada de coisa. Uma decisão assim tem que ser pesada, medida.

Não acredito em casamentos relâmpagos. Vc te que conhecer o cara, como disse a minha sogra quando anunciamos que estávamos namorando: tem que conhecer as mazelas um do outro. E é verdade. Já nos conhecíamos há um bom tempo, muita água já havia rolado.

Tem que haver um sentimento de que a vida é muito mais colorida, que vale muito mais a pena, que é mais fácil e mais prazerosa com a pessoa ao lado. Tem que acreditar no "pra sempre", mesmo que não dure. Não é uma escolha fácil como quem muda de roupa porque é assim que vejo o casamento das celebridades: hoje fulano não está mais na moda... próximo, por favor!

É saber que nem tudo é um mar de rosas, é reconhecer os defeitos, é nadar numa maré de problemas e saber que nenhum dos dois abandona o barco, que acreditam que podem sim chegar ao outro lado.

Nenhuma decisão minha é baseada em 100% de certeza... eu sou realista e tento me aceitar também como um indivíduo de dúvidas. Duvidar também representa se questionar, todo o tempo. Aprender a se questionar é aprender a se conhecer, a se escutar também; e eu me escuto - ou pelo menos tento - e escolho, sempre acreditando na minha escolha, mas nunca deixando de pensar no outro lado da moeda.

Uma escolha implica deixar algo de lado, o não escolhido. Eu não fico sonhando com o que não tenho, com o que deixei de escolher ou com o que não sou. Eu sonho com as minhas possibilidades concretas e tomo minhas decisões a partir delas. Eu acredito na gente, aliás, sempre acreditei, sempre soube que o Xande era o meu "the one" - o cara. Desde que aprendemos a nos conhecer realmente, quando a coisa finalmente "pegou" depois de tantos anos de amizade, eu soube que era ali que a minha fila parava de andar. Por acreditar nesse conjunto e sentir que essa é sim a boa escolha a se fazer, eu me invisto hoje a 100% nessa relação. As dúvidas sempre existirão, os "e se" fazem parte de qualquer escolha; sou sim um ser de dúvidas, mas meu coração me diz que ele é o meu grande amor. Quando imagino o meu futuro, é com que ele que eu estou.


sábado, 11 de abril de 2009

Das coisas que eu VOU sentir falta


Hoje foi dia de ir às compras. Estávamos nos peidando de preguiça, fora um probleminha com o carro esses dias, e optamos pelo supermercado mais perto e mais caro. Nunca, never ever, o "fuscão preto" tinha mostrado suas rugas antes; olhe que estamos falando de um Corsa Opel 1997! Pois bem, sexta à tarde, depois de ter dado aula na Universidade de Nice, o Xande estava voltando pra casa num engarrafamento dos infernos em plena via expressa (Voie Rapide de Nice) e notou que o carro estava esquentando. Conseguiu parar num falso canteiro e esperou o danado esfriar pra tentar chegar em casa. Como aqui só é feriado na segunda, a galera só viaja na sexta ou no sábado mesmo. Estranho não ter a sexta santa como feriado, né? Resumindo, não temos como levar o carro a um garagista até terça e não estamos podendo fazer muitas estripulias com ele. Aparentemente, os dias de vida do paciente não estão em perigo e podemos fazer pequenas distâncias.

Hoje bateu o espírito de gordo junto com a nostalgia de estarmos quase indo embora e o petit problème com o carro e aproveitamos pra ir ao Casino (aliás, supermercado que comprou parte da rede Pão de Açúcar) comprar VÁRIAS coisas gostosas, os olhos da cara no Brasil - que provavelmente não comeremos e nem beberemos nos próximos anos - e gordas, bem gordas! Ah, não poderiam faltar os maravilhosos chocolates, claro! Afinal, páscoa, baby! Páscoa!

Ficamos umas duas horas no supermercado olhando, comparando, babando... enfim, aqui supermercado faz as vezes de passeio turístico; trata-se de uma instituição genuinamente francesa e, se vier por essas bandas, fazer esse pequeno detour é tão importante quanto subir a Torre Eiffel. Bom dêmas! Cada coisa gostosa e suculenta de enfartar os mais gourmands! Saímos de lá entupidos de coisa e prontos pra pilotar o fogão. No cardápio nos próximos dias: noix de Saint-Jacques, foie gras com pêra e uva, morangos, framboesas, Saint Émilion Grand Cru pra beber, brioche, chocolates, mascarpone pra fazer sobremesa, cervejas de vários cantos do mundo e por aí vai. E aí está um dos itens da minha lista das coisas que eu vou sentir falta: a culinária francesa! Seus pães, vinhos, queijos, carnes, frutas... e como não poderia faltar, a maravilhosa comidinha franco-brasileira do chef Solares (chefsolares.blogspot.com).

Como a minha irmã está grávida e já morou aqui, ela diz que tem dias que daria tudo pra comer uma dessas coisas. Eu a entendo perfeitamente. Como gourmande assumida, não preciso nem estar prenha pra já sentir falta de tudo isso. Por isso, tô já entregando meus pontos, tô achando cada vez mais difícil fazer um bom regime antes de chegar no Brasil. Cenas para os próximos capítulos. Bon appétit!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Das coisas que eu NÃO VOU sentir falta


Eu ando tentando ultimamente identificar e fazer uma lista das coisas que eu mais vou sentir falta e das que eu quero esquecer dessa experiência de morar na Europa.

Meu dia de hoje me mostrou exatamente o 1º lugar das coisas que eu não vou sentir falta; digno não de um simples "passar a página", mas de um "rasgar sem dó e tacar fogo depois".

Pois bem, esse primeiríssimo lugar vai para... a PREFEITURA DE NICE! Em especial o serviço imigração.

Hoje foi um dia daquelas de querer "dar num", sabe? Há quase dois meses eu vinha adiando a renovação da minha "carte de séjour", espécie de visto para permanecer na França, porque gato escaldado tem medo de água fria. Não há outra razão. Bem que eu pensei em chutar o balde e mandar tudim ir pra "aquele lugar" como a minha irmã fez nos últimos meses por aqui, mas não dava porque ainda queremos viajar pra fora da União Européia.

Pois bem, me preparei pra guerra e caí da cama hoje (considerando que ando acordando tarde e dormindo mais tarde ainda) rumo à prefeitura de Nice. É lá que tudo acontece. Cheguei 1h antes da abertura dos portões e já tinha uma ruma de gente esperando. Essa foi a minha 4º e última vez ... benditos todos os santos!

A fila foi crescendo, os garotões fura-filas chegando e o tempo passando. Uns 10 minutos antes da abertura dos portões a negada começa a se estranhar. Às 9h em ponto começa o empura-empurra. O seguranças ameaçam não abrir, os garotões a pularem as barreiras e aquela confusão se instala. Passando a primeira porta, sai todo mundo correndo, cada um pro seu tipo de serviço específico e, chegando lá, nova confusão, novo empura-empurra.

Dessa vez meu serviço (renovação de "carte de séjour") já estava com as portas abertas e a recepcionista já distribuía as senhas. Eu peguei o número 39 e ela encerrou a distribuição no 45º, só que havia pelo menos o triplo de neguinho querendo os preciosos tickets. É exatamente neste momento que o 3º round começa, dessa vez "de com força". A negada começa a bater boca com a recepcionista irmã do Seu Lunga e o bicho pega fogo.

Uma meia-hora depois ainda tinha gente discutindo. O sistema é falho. Não é culpa nem da pobre-mal-educada-também-vítima da recepcionista e nem do cidadão estrangeiro que vai lá reclamar um direito seu. Eu sei que fui ser atendida depois do meio-dia e tive muita sorte; saí de lá com a cabeça quente, p. da vida, triste, me sentindo humilhada como sempre me senti quando fui na Prefeitura e morta de feliz por não ter que passar por isso tão cedo na minha vida! Chega!

Tô doida pra me sentir pertencendo ao meu lugar sem ter que dar satisfação a seu ninguém. Brasil, here we go!

domingo, 5 de abril de 2009

Foto do mosaico



Encontrei hoje uma foto do mosaico que fiz. Tava no cantinho-inho de uma foto e dei um super mega zoom. Le voilà!

Tenho futuro?


quinta-feira, 2 de abril de 2009

Beatlemania

Nessas últimas semanas eu e o Xande estamos escutando, baixando, lendo e assistindo tudo quanto é coisa dos Beatles na internet. Virou uma febre aqui em casa e ando descobrindo muita coisa legal. Os caras mandavam MUITO bem. Mas muito bem MESMO. Não é à toa que os quatro garotos de Liverpool enlouqueciam multidões. As letras não saem de moda e a voz do conjunto funciona muito bem. Não acho que o timbre de voz do John Lennon ou o do Paul MacCartney sejam uma coisa de outro mundo, é a soma do todo que me envolve: são as letras das músicas; o calor das vozes, juntas e separadas; a viagem aos 60's-70's; o oclinhos do John L.; os gritinhos; a multidão; o fenômeno; e a Beatlemania.

Dentre as que eu tô curtindo mais, all you need is love não sai da minha cabeça. Quando vou começar a minha sessão Beatles sempre começo por ela e não paro mais. Daí pra here comes the sun, help, hey jude, don't let me down é um pulo!

Vou colocar aqui só o vídeo do all you need is love do youtube pq é muito fácil achar vídeos deles na net. Não deixem de dar uma conferida também nos do último concerto deles juntos, no teto do prédio da gravadora Apple em Londres há exatos 30 anos. Simplesmente genial. Já pensou, no meio do expediente vc começa a escutar os Beatles tocando "de grátis" assim, do nada? Eu queria, bem que queria. E foi o último e zé finim!

Com vocês, The Beatles!!!