segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vida social

Desde que chegamos a locomotiva da nossa vida social está a mil por hora sem sossego. Loucura, loucura! Teve eventos pra todos os gostos, só anda me faltando um batizado e um funeral (este eu dispenso!).

Sério, não estava mais acostumada a sair de casa todos os dias à noite e tenho que admitir que sinto uma pontinha de saudade da calmaria.

A vida aqui é muito mais acelerada. Comparando os dois países, eu diria que não é apenas o fato de francês trabalhar menos que brasileiro que evidencia a diferença entre eles, afinal, a jornada semanal lá é de 35 horas, mas o constato de que a galera aqui parece dar o maior valor a um certo ritmo frenético de vida; unem-se as 44 horas laborais semanais os "n's" encontros de família, amigos e galerinhas do trabalho sem problemas. Tudo é motivo de festa MESMO! Não venho aqui reclamar, pelo contrário, estava morrendo de saudade desse contato, desse calor humano, mas constatar que não estava mais acostumada ao ritmo do Brasil.

Sem falar naquela bebidinha que faz as vezes de "água" neste calor: a loura gelada. O lema é "o tempo todo e todo o tempo". Não que lá eu não bebesse, a diferença está na freqüência da ação. Sei que estou mais intolerante aos copinhos de fim de noite, bebo menos, mas me divirto o mesmo tanto. Engraçado isso. Chato mesmo é a pressão da galerinha. O povo não aceita que você tenha mudado, que o limite não é o final do engradado de cerveja ou que não precisamos beber SEMPRE até a última cerveja acabar pra poder ir embora. "Não é a Aline que eu conheci". Não, não sou mesmo, o que não quer dizer que eu não queira vez ou outra "chutar o pau da barraca" e encher a cara, longe disso, mas a freqüência com que isto ocorre e ocorrerá não é e nem será mais a mesma. Próximo "enchimento de lata" na medida: casamento!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Foto simbólica


Deixamos nosso apartamento numa sexta e viajamos de volta ao Brasil num domingo. Nessa sexta, logo depois do representante da agência imobiliária fazer o check up deles, colocamos as últimas malas no carro e fomos para a casa do Neco e da Emmanuelle, dois queridos amigos frutos desse período em Nice. Não sem antes tirarmos as últimas fotos da faixada do prédio, do nosso cantinho durante 3 anos e meio. Ai, ai.


O Dia do Amigo de ontem


Ontem recebi um texto lindo escrito pela Marcele "do Thiago" falando de amizade e não posso deixar de compartilhar. Quando leio textos de quem acho que tenho algo em comum, sempre identifico detalhes da minha própria história e sempre me emociono. Le voilà:

São poucos, mas preciosos. São poucos e representam aquilo que garimpei ao longo da vida. São o pouco que restou de fases por que passei e escapei ilesa, digo ilesa porque eram muitas as possibilidades para mim e também para cada um deles. Mas conseguimos nos reter, conseguimos que o vínculo fosse mantido apesar de. São poucos, eu sei, mas passaram comigo pelo vexame da banguelice da frente e pela felicidade da maternidade. São poucos, mas numa variedade de jeitos e tipos suficiente para que eu nunca me sinta sozinha no mundo e que me sinta pertencente.

Com eles, posso dividir, cantos, contas, contos, causos; planos, projetos, prosas, prazos; trincas, intrigas, futricas, titicas; receitas, recados, risadas e raios; ápices e declives; bares, boates, boatos; cozinhas, camas, mesas e banhos... Com eles, descobri que fui uma criança feliz, uma adolescente espevitada e revolucionária e me tornei uma mulher tranqüila, madura, consumista e metida a burguesa. Ao lado deles, vivi minha vidinha cotidiana no esquema escola-cinema-cursodeinglês-televisão; no esquema faculdade-estágio-bar-praia e no esquema trabalho-casa-trabalho. Com eles, aprendi a caminhar com minhas próprias pernas; a dar todas as voltas por cima que se fizerem necessárias; a entender que há quem puxe o tapete e há quem estenda mão e há quem bata a porta na cara e há quem abras as janelas e há quem descarte e há quem enalteça.

Eu só consigo concluir que quando se trata de amizade verdadeira não há hiato. O vínculo não se dissolve e permanece sólido apesar da geografia, da falta de tempo, do corre-corre da vida moderna, dos relacionamentos, da falta de telefonemas, das ausências justificadas ou não... Não há descaminho, mágoa, razão que fira a relação porque o que importa mesmo é o apreço, a admiração e o bem-querer reciprocamente apresentados. É claro que haverá desentendimento, desencontro, desespero, lágrimas, quem sabe... Mas depois dos pingos nos is, tudo volta ser como sempre foi, a conversa flui e a risada frouxa retoma seu lugar e a sensação de se estar à vontade, de poder dizer o que se quer, de compreensão toma seu assento.

É, eu tenho poucos, bons e bem garimpados amigos. É clichê e breguíssimo, eu admito, mas eles são como uma família para mim. Meu sentimento é muitas vezes (na maioria delas) muito bem disfarçado numa força que não possuo, mas preciso dizer que não há necessidade de expressão, de manifestações hiperbólicas, nem de declarações de amor. O que me faz amiga de vocês é saber que estaremos juntos mais uma vez, assim que possível e que neste reencontro seremos ainda os mesmos e dividiremos nossas histórias como se o tempo não tivesse corrido tanto.

Feliz dia do amigo!

Marcele Alencar - http://naoquerooutrolugar.blogspot.com/


Não é bonitinho? Não é corrente não, hein? É dela mesmo.

Readaptação

Voltamos. Voltamos porque nosso tempo na França deu o que tinha que dar, voltamos porque precisamos passar para a etapa seguinte das nossas vidas, voltamos porque nossa vida por enquanto é na Terra do Sol. Estes que voltaram, entretanto, são diferentes daqueles que partiram há uns bons anos. Vivemos tantas coisas novas que a impressão que fica é que este Brasil que nos recebe hoje caminhou lentamente enquanto corríamos uma verdadeira maratona. Nossa camisa está molhada de suor enquanto a daqueles que nos acolhem acabou de sair do varal.

Existe no ar um certo sentimento desnudado de pretensão de "não pertença" esquisito. Eu me digo pra deixar de frescura porque esta sempre foi a minha terra e que este sempre foi o meu povo. Quando há quase 8 anos atrás voltei de uma temporada no exterior e sofri horrores durante os três primeiros meses após minha chegada, pensei que era coisa de adolescente, mas hoje, passada essa nova experiência fora, tenho certeza que após toda adaptação precisamos sim de uma readaptação de volta, de um certo período em quarentena. Não é frescura, é um reaprender a viver, é retomar certos hábitos perdidos, é um verdadeiro processo de mudança através da descoberta de novas respostas as situações antigas (a Gestalt-Terapia que o diga!).

Nossas malas já estão desfeitas, mas ainda procuramos nosso espaço, nossa vida a dois, hoje transformada numa a 7, chegando a 12 ou 14 na hora do almoço.

Hoje vivemos um recomeço de só quem ousou experimentar vive, de só quem resolveu mudar... e como mudar faz bem! Quantas novas boas e tristes histórias temos a contar! Quantos lindos lugares conhecemos! Quantas pessoas maravilhosas foram descobertas! Vixe maria! Não troco, não vendo e não dou "novos recomeços" porque eles só existem depois "dos vividos".


segunda-feira, 6 de julho de 2009